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254: Educação de estudantes surdos adultos: o Envolvimento da escola

Perspetivada como elemento de inclusividade e de equidade, em Portugal (Melro, 2014), a educação de surdos adultos ganha relevância política, económica e educativa. À Escola é exigida a afirmação de uma cultura organizacional e profissional inclusiva, que valorize as especificidades linguístico-culturais dos surdos. É dever da Escola desenvolver um currículo intercultural, que possibilite o empowerment dos surdos, propiciando-lhes que, enquanto estudantes, se afirmem como participantes legítimos das culturas em que participam - a surda e a ouvinte – realizando transições linguísticas e culturais (Melro & César, 2014). Contudo, a investigação evidencia existir, ainda, um fosso entre os ideais e as práticas. Ontem como hoje, os estudantes surdos adultos continuam a vivenciar diferentes formas de exclusão, iluminando a necessidade de a Escola derrubar barreiras à inclusão destes estudantes, adotando formas de atuação mais acolhedoras da diversidade dos surdos adultos (Melro, 2015).
Abordamos duas questões de investigação: (1) que formas de atuação desenvolve a Escola para incluir os estudantes adultos surdos em sistemas de educação formal de adultos, como o ensino recorrente noturno?; e (2) qual o envolvimento da escola e dos professores na inclusão escolar e social destes estudantes?. Assumimos uma abordagem interpretativa (Denzin, 1998) e desenvolvemos um estudo de caso intrínseco (Stake, 1995). Os participantes foram: os estudantes adultos surdos (N=11), que frequentavam o ensino recorrente noturno, numa escola de Lisboa; os professores e outros agentes educativos (N=44); e o investigador. Como instrumentos de recolha de dados usámos o questionário, a observação participante, a recolha documental, entrevistas e conversas informais. Os dados foram tratados através duma análise de conteúdo narrativa (Clandinin & Connelly, 1998), emergindo categorias indutivas.
Os resultados iluminam a necessidade de a Escola afirmar formas de atuação inclusivas e interculturais, desenvolvendo processos organizativos, supervisivos e pedagógicos valorizadores da diversidade sociocultural dos estudantes surdos adultos, assumindo a sua inclusão como elemento-chave de participação legítima.

Author(s):

Joaquim Melro    
1Centro de Formação de Escolas António Sérgio & Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Portugal

Margarida César    
Investigadora Associada do CRPS - Centre de Recherche en Psychologie Socioculturelle de l’Institut de Psychologie et Education, Université de Neuchâtel
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